No conhecimento sobre habilidades motoras, existe uma aproximação com outros termos, como; Capacidades, padrão de movimento, aprendizagem motora ou desenvolvimento motor. O termo, habilidades motoras, pode ser empregado em diferentes contextos. Conforme Magill, (1984. p, 09)
Habilidade pode ser entendida com ato ou tarefa, onde, quase todo ato motor ou movimento, pode ser considerado uma habilidade. São movimentos que devem ser aprendidos a fim de serem executados corretamente, como por exemplo, atirar, tocar piano ou dar um saque no tênis.).
Habilidade como um indicador de desempenho. Nesse termo, habilidade é uma expressão subjetiva que indica qualidade de desempenho. Por exemplo, "consideramos um jogador de basquete habilidoso na cobrança de faltas, se ele encestar 80% dos lances livres tentados. Da mesma forma, consideramos um tenista habilidoso no serviço se de 60% a 70% de seus primeiros saques são bons. Esses exemplos é que o emprego do termo habilidade em relação à produtividade é muito relativo ao contexto do desempenho".
Para a Educação Física escolar, habilidades motoras ou habilidades motoras básicas ocupa definitivamente um lugar em qualquer currículo, principalmente na educação infantil.
Para Magill (1984) a National Education Association (NEA) defendia em seu currículo, a necessidade de considerar a pessoa como um todo. Para isso, a classificação do comportamento humano em categorias dos domínios cognitivo, afetivo e motor, pareciam convenientes. Quanto ao domínio motor, o autor considera que o movimento é a base desse domínio, e que às vezes é mencionado como domínio psicomotor pelo envolvimento de um componente mental ou cognitivo na maioria das habilidades motoras. Magill (1984) considera ainda que, a habilidade motora ou comportamento do domínio motor envolva componentes de outros domínios. Jogar futebol, por exemplo, onde há predomínio dos componentes do domínio motor. "Obviamente, comportamentos cognitivos e afetivos também estão envolvidos. Quando se dá atenção aos tipos de comportamento que se deseja como resultado de uma situação de aprendizagem, então os objetivos podem ser definidos com mais propriedade para aquela aprendizagem, então a meta da educação é a educação do individuo como um todo, então um entendimento dos domínios do comportamento pode servir como base para garantir que o processo educacional de fato envolve o indivíduo inteiro".
O entendimento sobre a formação integral da pessoa parece ser uma das maiores preocupações da educação como um todo, as dimensões dos conteúdos referidas nos PCNs (1997), os quatro pilares da educação proposta por Jacques Delors (2012), apontam nesse sentido.
Para Magill (1984, pag. 48), "Quando aprende habilidades motoras, o aprendiz tem que processar informações". Por isso, o desenvolvimento das habilidades motoras não ocorre de forma isolada. Nesta perspectiva, as habilidades proposta no quadro a seguir não deverão ser tratadas fora de um contexto.
Habilidades motoras básicas – manipulação
HABILIDADES MANIPULATIVAS. Habilidades Manipulativas abrangem movimentos grossos e finos. Manipulação motora grossa refere-se aos movimentos que envolvem dar força a objetos ou receber força dos objetos. Arremessar, receber, chutar, agarrar e rebater são consideradas habilidades motoras fundamentais manipulativas grossas. As habilidades manipulativas do esporte são uma elaboração com um aprofundado refinamento destas habilidades básicas. Gallahue, 2008
Arremessar e lançar
Arremessar e lançar são habilidades encontradas e várias brincadeiras como queimada boliche alerta e em esportes como handebol, basquete e lançamentos no atletismo
Chutar
O chute é uma habilidade exclusiva dos pés ou quase que exclusiva do futebol. O chute pode ser executado de várias formas como peito de pé, bico, calcanhar e Chapa.
Rebater
Rebater é uma habilidade de tocar ou bater uma bola, peteca ou outro material sem segurá-lo, como acontece no jogo de peteca, tênis de campo e de mesa, basebol, taco.
Receber
Receber é uma habilidade motora bastante comum em esportes coletivos e jogos e treinamentos de fundamentos de certos esportes.
Agarrar
Habilidades motoras básicas - Locomotoras
São aquelas nas quais o corpo é transportado em uma direção vertical ou horizontal de um ponto para o outro. Atividades como andar, correr, saltar, saltitar são consideradas movimentos locomotores fundamentais. Quando essas habilidades fundamentais tornam-se elaboradas e mais profundamente refinadas, podem ser aplicadas a esportes específicos. Gallahue, 2008
Correr
O correr é uma habilidade comum em muitas atividades como jogos e brincadeiras e esportes.
Saltar
O saltar é uma habilidade comum em brincadeiras como pular corda, pular sela, amarelinha, etc. e em esportes como algumas provas do atletismo.
Habilidades motoras básicas de estabilização
Estabilização são movimentos corporais relacionados ao domínio do corpo e ao equilíbrio. (Barbanti, 2003)
Rolar
O rolar pode acontecer para frente, para trás, para a direita e para a esquerda, é também conhecido como a famosa cambalhota.
Equilibrar
O equilíbrio é uma habilidade importante até mesmo para andar, até mesmo nos esportes como Ginástica Olímpica, Surfe, skate, Slackline, atividades circenses, etc.Constituem a base para as outras habilidades locomotoras e manipulativas porque todo o movimento envolve um elemento de equilíbrio. As habilidades motoras de equilíbrio, às vezes referidas como habilidades não locomotoras são aquelas que permanecem no lugar, mas se mover ao redor de seu eixo horizontal ou vertical. Há tarefas de equilíbrio dinâmico nas quais o objetivo é obter ou manter o equilíbrio contra a força da gravidade. Gallahue, 2008 O equlíbrio pode ser dinâmico e estático.
Flexionar
Flexionar está relacionado à capacidade de realizar os movimentos articulares na maior amplitude possível sem que ocorram danos as articulações. Ela é específica para cada exercício, um exemplo são os movimentos das danças. DANTAS, 2003; FERNANDES FILHO et. al., 2007).
Apoio invertido
Coordenação Global
Requer múltiplos movimentos ao mesmo tempo, mediante equilíbrio postural. Estas experimentações fazem com que o individuo tanto seja capaz de adquirir dissociação de movimentos, quando realiza-los simultaneamente, podendo haver uma conservação de unidade gestual (LOBO; VEGA, 2008).
Coordenação motora fina
"Diz respeito à destreza manual, onde os movimentos são mais específicos e envolvem pequenos grupos musculares" (LOBO; VEGA, 2008). Os movimentos se caracterizam através da preensão (Mãos e dedos) imposta pelo sujeito em contato com o objeto ou instrumento (LIMA, 1997)
Esquema corporal
Através desta habilidade motora, ocorrem sensações que a criança estabelece entre o seu próprio corpo, associadas às informações do mundo exterior, tornando-se ponto de partida de diferentes pontos de ação. (BOULCH, 1987)
Estruturação espacial
Adquirida através de uma construção mental, em que o sujeito opera através de seus movimentos com relação aos objetos que estão à sua volta em estreita vinculação ao meio no qual está inserido. (OLIVEIRA, 2009)
Orientação temporal
Está ligada ao esquema corporal. A criança desenvolve estruturação espacial a partir da percepção que a mesma desenvolve em relação ao espaço em que se encontra. (BUENO, 1998)
Lateralidade
Pode ser definida como "a propensão que o ser humano possui de utilizar, preferencialmente, mais um lado do corpo, em três níveis: mão, olho e pé" (ROSA NETO, 2002)
Manipulação motora fina
Refere-se às atividades se segurar objetos, que enfatizam o controle motor, a precisão e exatidão do movimento. Amarrar os sapatos, colorir, cortar com tesoura são exemplos de habilidades motoras fundamentais manipulativas finas. Arco e flecha, tocar violino e jogar dardos têm aspectos motores finos e são atividades que requerem habilidades motoras finas especializadas. (Gallahue, 2008)
Esta proposta, considera que toda atividade, em qualquer ano/série, o importante não é apenas saber como desenvolvê-la, mas o que quer que seja desenvolvido com a mesma. A intencionalidade pedagógica é o que define o que fazer e para que fazer. O professor precisa perceber que o conhecimento na perspectiva de o movimento consentido é aquele gerado a partir dos alunos e com os alunos, não aquele conhecimento sobre e para os alunos.
Bibliografia
BARBANTI V. J. Dicionário da Educação Física e do Esporte. Manole, 2 Ed., Barueri, 2003.Brasil. Parâmetros Curriculares Nacional, MEC 1997
BUENO, J. M. Psicomotricidade: teoria e pratica: estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: Lovise, 1998.
DANTAS, E. H. M. A Prática da Preparação Física. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
DELORS, J. (org.). Educação um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Editora Cortez, 7ª edição, 2012.
FERNANDES FILHO, J. et. al. Perfil Somatotípico e Composição Corporal de Atletas de Judô Brasileiros Masculinos Cegos e Deficientes Visuais. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, v. 11, n. 106
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2a. ed. São Paulo: Phorte Editora, 2003
GALLAHUE D.L. Donnelly F.C. Educação Física Desenvolvimentista para todas as crianças. Phorte, 4 Ed. , São Paulo, 2008.
LE BOULCH, J. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987
LOBO, A. S.; VEGA, E. H. T. Educação motora infantil: orientações a partir das teorias construtivista, psicomotricista e desenvolvimentista motora. Caxias do Sul: Educs, 2008.
LIMA, M. S. C. Motricidade, escrita e leitura: possíveis elos de ligação em crianças com dificuldades de aprendização?. Dissertação (Mestre) - Unicamp, Campinas, SP, 1997.
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação enfoque psicopedagógico. 14. ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009.
ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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